sábado, 2 de janeiro de 2010

Diálogos: Apresentação - Feijão com Arroz e Ciência


Ir onde o povo está, falar com as pessoas comuns em filas de banco, nas praças, nas arquibancadas dos estádios de futebol, nas feiras livres. Falar de ciência, dos avanços, do que sabemos, o que continuamos a procurar, das limitações biológicas de nosso cérebro, tudo em linguagem direta e sem mistérios. Eis o desafio desta nova série chamada Diálogos.

Tenho três objetivos com os textos que publicarei: (1) fazer-me entender pelo brasileiro médio, (2) treinar o uso de uma linguagem coloquial para meu tão desejado romance e/ou contos futuros, (3) conjugar ferramentas de comunicação (linguagem popular + internet) para tentar divulgar ao máximo coisas interessantes e verdades que já descobrimos, em apenas dois séculos de ciência como a conhecemos.

Estou claramente sob influência de Platão, cujos tratados filosóficos foram em sua grande maioria escritos na forma de diálogos. Neles estão não apenas a filosofia desse pensador, mas a de Sócrates e Aristóteles, os três que compreendem os pilares iniciais do conhecimento ocidental. Dizem até que Sócrates, Platão e Aristóteles não passam de personagens nos Diálogos de um único homem na vida real.

Bem, não tenho a pretensão de criar personagens tão marcantes assim, ou de lidar com aspectos profundos do conhecimento humano, tão pouco me ater com um tratado de moral e ética. Longe de tudo isso, quanto mais fácil e simples possível eu conseguir escrever, melhor para mim. Quero construir alguns textos livres e sem grandes pretensões, metaforicamente, ao invés de “café com ciência”, algo mais tupiniquim ainda na forma de “feijão com arroz e ciência”.

Para entender a origem dessa minha necessidade, por favor meu amigo leitor, deixe seus olhos percorrerem apenas mais três parágrafos, ok?!

Nesses últimos meses tenho lido livros de divulgação científica. Entretanto, notei que mesmo os mais simples e diretos, ainda assim possuem certo grau de dificuldade em algumas partes específicas (seja da biologia, física, sociologia, etc.) para profissionais e leigos inteligentes que não são da área específica do livro em questão.

Além disso, eu já experimentei publicar livro, capítulos de livros e artigos científicos. Pegando dois exemplos e apresentando alguns números esclarecedores de como anda minha vida acadêmica: (A) LIVRO – no ano de 2000 publiquei um livro pela Holos Editora, cuja primeira edição foi composta de 500 exemplares. Em 2001 saiu a segunda edição com uma tiragem um pouco maior de 800 exemplares. Hoje o livro está esgotado! Mesmo que bibliotecas tenham adquirido meu livro, provavelmente cerca de 1.000 pessoas possuem um exemplar cada. Vamos à realidade, antes que eu mesmo pense que estou fazendo sucesso, somos hoje no Brasil 180 milhões, como entre essas pessoas cerca de 1.000 possuem meu livro, então isso equivale a 0,0005% da população; (B) ARTIGO – com uso do Scielo Access Statistics, somei todos os acessos de um de meus melhores artigos publicado na Revista Brasileira de Zoologia em 2003. Até o mês passado (dezembro de 2009) já foram 6.466 acessos. Caso esses acessos fossem feitos apenas por brasileiros (o que não é verdade), comparativamente falando, isso quer dizer que cerca de 0,004% da população acessou esse artigo. Resumindo tudo, se eu fosse avaliado pelo retorno de minha produção acadêmica aos cidadãos brasileiros, eu estaria “lascado”! Quase ninguém conhece o que faço! Claro, esses dois trabalhos foram feitos para um público restrito com muita tecnicidade e jargão científico. Vergonhosamente, não fiz quase nada de consumo popular.

Então é isso! Os Diálogos compreenderão algo novo para mim. É como sair ao mercado descalço e falar das coisas do mundo, não como detentor da última gnose, mas através de perguntas e respostas, buscar a verdade, ensinar e aprender segundo o estado da arte atual do conhecimento científico, em linguagem direta e simples.

Eu amo a internet por proporcionar momentos assim... Sigamos aos Diálogos, nosso feijão com arroz e ciência!

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