domingo, 16 de novembro de 2008

Andamos por aí!



É meio-dia, o sol está matando, mal consigo pensar. Talvez um pouco de água gelada enquanto ando... espera, enquanto o quê? Percebo-me andando, uso apenas minhas duas pernas. Mas é estranho, afinal quantos outros mamíferos fazem isso hoje? Cangurus? Chimpanzés? Nenhum deles, eu sou um indivíduo da única espécie de mamífero bipedal-plantígrado ainda hoje viva no planeta. Bem, os Australopithecus também faziam o que eu e você fazemos ao andar, mas a história de como devoramos eles até à extinção conto depois.

Agora preste atenção: quando andamos nossos braços seguem balançando no sentido contrário ao de nossas pernas. É assim, perna direita e braço esquerdo à frente, depois perna esquerda e braço direito... estamos fazendo em pé o que um animal quadrúpede faz ao andar, trotar! Resquício de nossa ancestralidade entre animais quadrúpedes!

Quem me "ensinou" a ser assim? Se tudo fosse ensinado, então eu teria uma resposta fácil: meus pais, a escola, os amigos! Eu lembro de quando aprendi a ler, mas não lembro de quando aprendi a andar. A resposta está em meus filhotes, eles andaram depois de um ano de vida. Andaram sozinhos! Como o cérebro deles não está plenamente formado, eles não lembrarão, assim como eu hoje de mim mesmo, mas eu vi isso acontecer. Eu vi com meus olhos!

Tenho uma resposta com evidências agora: ando com apenas dois membros, porque é genético, herdado de meus ancestrais!

Uma coisa atrás outra: meus músculos, os cones e bastonetes de meus olhos míopes, a textura e cor de meus cabelos, a cor de minha pele, os dentes de leite que caem, tudo físico, anatômico, sangue, carne, ossos, tudo inquestionavelmente genético!

Eu inteiro, "humano demasiado humano" diria Nietzsche, "genética demasiada genética" digo eu!
Até onde isso vai?!

Paro de pensar... Passa uma mulher por mim, ela tem nádegas lindas, anda com um jeito tão feminino e seu perfume me atrai! Eu apenas sinto, não penso, apenas sinto que a quero para mim.

Volto a perguntar quando me "ensinaram" a ter atração pelo sexo oposto? A resposta agora é rápida como um relâmpago: é genético, sou heterossexualmente genético!

Mas o que em mim não é genético? Faço uma rápida lista enquanto continuo a andar sob o sol: religião, arte, minha língua, todos os costumes de meu povo. Isso deve constituir meu ambiente social, extra-corpóreo. Muito embora dificilmente esse ambiente não existiria sem seres físicos para realizá-lo, para produzir e modificar esse meio abstrato.

Estou quase chegando em casa, o sol ainda incomoda muito, mas sinto-me livre e uma satisfação muito intensa por estar vivo, por existir e compreender as verdades que agora temos à nossa disposição. Dobro a esquina, aumento o som em meu mp4, música boa essa da banda Korn, como ela se chama mesmo?
EVOLUTION:



Tudo haver enquanto ando ao seu lado por aí!

Genética demasiada genética! Expressão da matéria! Poeira das estrelas!

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